(Meu)s (D)Eus!!!

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Local: João Pessoa, Paraíba, Brazil

08 outubro, 2010

Prelude & Nostalgia




Prelude

Quando fecho os olhos ao sentir o som de uma flauta Indiana, que chega acompanhada por um violino vigoroso e ágil, me vem a mente um canário arisco dando rodopios no ar, preso na escuridão de um diminuto quarto, limitado pelas paredes frias do qual ele não pode ver mas sabe que lá estão abrindo uma nova ferida quando tenta alçar vôo, um novo hematoma, uma nova lágrima,sempre que começa a bater vigorosamente suas pequenas asas a fim de se distânciar aquele véu negro que o envolve. Sua insistência teimosa exauriu, não só suas forças, como também suas esperanças e sonhos de alcançar, algum dia, o céu azul que sabia existir fora daquele lugar. Mas suas penas parcialmente cobertas pelo sangue que esvai de suas feridas, sentindo o seu fim chegar em um frio que o abraçava como duas mãos que lhe envolve em um colo materno, ele sente novamente a presença som da Flauta Indiana que desta vez volta para consolá-lo de sua tristeza, quase que convencendo-o a ficar ali, imóvel e quieto, para todo sempre, abraçado ao escuro e ao frio que lhe aninhavam. Então, limitado pelas paredes as quais ele não podia ver se deixou levar pela dor que sentia em seu pequeno corpo e em suas asas, entregando-se finalmente ao destino que ele não pudera mudar sozinho, por mais que ele tivesse lutado e se esforçado. Olhava para dentro de si e via a sua esperança, sua teimosa esperança começar a se extinguir como a chama de uma vela que vai perdendo seu brilho a medida que o paviu que a sustenta é consumida...


Nostalgia


...Então, um fio de luz e piedade que vinham acompanhados pelas notas de um piano, tão fina como uma agulha, alcança os olhos do coração daquele pequeno pássaro, a última centelha de esperança que teimosamente ainda o residia, ganha discretamente um novo brilho e como se acompanhado por uma serie de trovões lançados por Zeus o seu mundo estremecer ruidosamente abrindo uma fenda nas paredes deixando entrar ainda mais luz naquele gélido lugar, uma luz que rasgava a escuridão e se espalhava pelo ambiente como se o procurasse. O pobre pássaro, com a última força que lhe restava só conseguiu erguer um pouco as pálpebras e pedia a Deus, em pensamento, que aquele fio de luz o tocasse, suas pequenas pernas ainda tentaram lhe dar algum pequeno impulso para frente mas tudo o que conseguira fora um espasmo e os socos incessantes contra a escuridão ao seu redor aumentavam e assim como vinham paravam a medida que as fendas se abriam, deixando a luz entrar e invadir aquele mundo imaculado pela escuridão e pelo frio.
Mãos banhadas de Amor e de calor o acolhe retirando do chão seco e empoeirado erguendo-o para o alto, para que a Luz do mundo o banhe e o limpe. A vida o encara com olhos fumegantes repletos de Amor e compaixão, ela tem cabelos longos e escuros, uma pele branca como a própria pureza e um sorriso imaculado pela graça que a circunda. A Vida, tem rosto e perfume de mulher e ao encará-la sentia as batidas do seu pequeno coração ganhar uma grande força fazendo tremer o chão como as passadas de um gigante ao pisar com força.
E no intrépido rufar de todos os instrumentos regidos por Deus o diminuto e frágil passarinho tomado por uma luz ofuscante cresce em tamanho e suas asas dão lugar a braços a medida que suas pênas caem, suas patinhas fininhas começam a alongar desproporcionalmente e então seu corpo toma a forma de um Homem. Submerso pelo Carinho e Compaixão que transbordam dos olhos da Vida, aquele Novo Ser a encara com emoção, respeito, devoção e Amor, até tudo terminar com um grande abraço e o mundo cair em silêncio.



*Escrito em uma tarde agitada, onde eu precisava falar sobre o meu resgate da noite em estive recluso e a minha Amada Vida me trouxe a Luz...
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